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quinta-feira, 25 de março de 2010

Amor, compartilhado na mesa

A PÁSCOA DE JESUS

A páscoa de Jesus, assim como a páscoa judaica, era fundamentalmente uma celebração associada a uma refeição familiar realizada na casa, não no templo, e o "sacerdote" dessa liturgia familiar era o pai de família que presidia a mesa. No mundo de Jesus, a comida era sobretudo um elemento de relação e de comunhão, e um ato religioso. A ceia pascal começava com a bênção do pão, pratica generalizada mediante a qula o pai de família partia o pão e pronunciava a prece "abençoado sejas, Senhor, Deus nosso, rei do mundo, que fazes nascer o pão da terra", a qual todos os comensais respondiam: "Amém". Deste modo, mediante a bênção da mesa, a comida adquiria uma profundidade completamente nova, uma refeição qualquer era levada do ambito do profano para o ambito do religoso, de ato social convertia-se em uma união aos olhos de Deus. Daqui nasce a exigencia judaica de olhar bem com quem se senta a mesa, e assim se explica o escândalo das refeições de Jesus sem distinguir pessoas. A refeição é uma experiencia religiosa de comunhão com Deus, doador de todo o pão>(2Cor.9,10 e Dt. 8,18).
Resgatemos o fundamental; a refeição é um ato religioso e de solidariedade. Podemos afirmar então que o valor da comida não é apenas o alimentar mas o de comer juntos,e, curiosamente, os judeus vêm nisso uma experiencia religiosa. Jesus continua na mesma linha, por isso o símbolo que quis deixar para a Sua igreja não é somente o da comida mas também o do banquete fraterno. "O símbolo fundamental eucarístico, tem de ser um símbolo de comunhão mais que de alimentação e nutrição, e por isso não poderá ser um símbolo individual mas comunitário".Por se esquecer esse símbolo do banquete e da mesa começou-se em seguida, na tradição cristã, a separar a comida da celebração cultual. Desse modo, "a mesa em torno da qual se congregava a comunidade e na qual corre a aliança nova e se realiza o corpo de Cristo-igreja veio a ser a mesma diante da qual se situa a comunidade e da qual essa se aproxima para comer o corpo de cristo". A mesa converte em altar e se perde a dimensão solidária e comunitária.
Desse sentido de solidariedade fraterna, associada a toda a refeição judaica, mas sobretudo a Páscoa, nasce a preocupação de incorporar os pobres a essa celebração e refeição. Convidava-se a praticar a beneficiência na noite da páscoa e, durante o ritual da refeição, recordando o pão da aflição(Dt.16:3), dizia-se: que venha e coma todo aquele que tenha fome, que venha e celebre conosco a Páscoa,todo aquele que tenha necessidade. A comunidade cristã continuou a mesma prática, como informa São João Crisóstomos: "os primeiros cristão depositavam seus bens em um acervo comum..e realizavam a sináxis(congregação), depois da comunhão nos mistérios, reuniam-se para comer juntos em um banquete comum, os ricos trazendo os manjares e sendo convidado os pobres que careciam de tudo, e todos comiam em comum. Mas depois também se perdeu esse costume.
ISTO É O MEU CORPO
Na ceia pascal era o pai de família que explicava o sentido da celebração respondendo a pergunta do menor da casa(Ex.12:25, Dt.6:20). Na última ceia é Jesus quem explica o sentido de Sua páscoa com as ações e palavras sobre o pão e sobre o vinho.
O centro da Páscoa de Jesus não era o cordeiro, mas o pão. Na ceia judaica o pão lembrava a amargura do passado, e a exigencia de sair do passado e cortar laços com ele. Na nova páscoa o pão é o simbolo de Cristo, do que Ele é e do que Ele faz, mas também do que nós somos e do que devemos fazer. O pão é vida e o próprio Jesus se anunciou como o pão da vida. Compartilhar o pão é compartilhar uma mesma fonte de vida que vem de Deus através desses alimentos naturais. Quando Jesus toma em suas mãos o pão e a taça, entra em relação com o alimento cotidiano e festivo ao mesmo tempo. Sob esse duplo aspecto,Jesus assume a criação como fonte de vida e de comunhão entre as pessoas. Assume o humano para divinizá-lo. Jesus dá a essa ação de assumir o pão um peso infinito ao uni-lo a Deus como fonte de vida, porque no alimento está a vida. Assim, a criação presente no pão e no vinho, aparece em relação como criador e é capaz de significar sua presença. Diante da tentação de isolar as palavras "isto é o meu corpo" de todo contexto pensando que são palavras mágicas da consagração, devemos esclarecer o seguinte: Primeiro que o neutro, isto, não se refere apenas ao elemento material (o pão), que jesus toma em suas mãos, mas ao conjunto de palavras e ações: o pão bendito,partido e compartilhado. Tudo isso é Jesus("meu corpo), em segundo lugar o pão não é só alimento, mas um instrumento de relação: relação de Jesus com seu pai pela bênção, relação de Jesus com seus discípulos pela doação e pela entrega, e relação dos discípulos entre si,pois ao participar do mesmo pão, da mesma vida,se relacionam e se implicam no mesmo projeto. O demonstrativo "isto" designa não apenas o pão, mas o pão enquanto partido, entregue. Desse pão Jesus pode dizer: é meu corpo"
Jesus move-se dentro de uma antropologia bíblica na qual o corpo não é apenas um componente do ser humano contraposto á alma. Nessa antropologia unitária o corpo é a pessoa inteira enquanto se expressa ou enquanto se relaciona com outros e com a criação.Pelo contexto(partir, compartilhar,entregar), trata-se de uma pessoa que se entrega e vai morrer ou talvez, mais exatamente, pessoa que se entrega até a morte(ICo.11:23; Jo.13:1). A melhor forma que Jesus tem de expressar sua vida de amor e de entrega, como homem para os demais, é sua morte. Dessa entrega de Jesus brotam a comunhão e a vida. "A vida dada pelo pão, isto é, pelo corpo,passa pela morte deste". O símbolo do pão partido, repartido , entregue é eloquente porque expressa o que Cristo faz com sua vida.. Mas o símbolo do pão também implica o resultado dessa entrega...o pão como corpo-comunidade. Se esse corpo é pão não é para ser conservado mas para ser comido; é pão que dá "a vida ao mundo"(Jo.6:32). É aqui que se descobre com mais clareza o aspecto relacional do pão. É pão para algo e para alguém. A morte de Jesus, nos diz João, é "para reunir na unidade os filhos de Deus que estão dispersos"(jo.11:52), em torno da mesma mesa participando da mesma vida. Essas afirmações abrem caminho para outro sentido de corpo..o corpo como comunidade.. como igreja, corpo de cristo. No miste´rio do pão está também o mistério da igreja. A presença das pessoas reunidas é tão importante quanto a presença do pão de trigo---visto haver um só pão, TODOS NÓS SOMOS UM SÓ CORPO(1Co.10:17). Esse caráter relacional do pão não encerra a comunidade sobre si mesma e sim a abre para a vida domundo com suas divisões,seus problemas, sua fome e sua morte. A comunidade que come esse pão deve deixar-se transformar pelo pão para converter-se ela também em"pão que dá vida ao mundo". Uma mesa, um pão, uma vida, um corpo---isso é igreja. Tudo isso já presente e realizado, e, ao mesmo tempo ainda por fazer. Por isso o Senhor, ao convidar seus discípulos dizendo "tomem e comam", não se refere apenas a materialidade do pão, mas a tudo o que o pão significa: entrar no projeto de DEUS TORNANDO-SE pão para a vida.

pelos vínculos do calvário

2 comentários:

OLÁ MEU PASTOR! ESTOU AQUI ME ALIMENTANDO DO SEU BLOG. TREMENDO! UM DOS PROPÓSITO DA MORTE DO NOSSO MESTRE JESUS, FOI REUNIR EM UM SÓ CORPO OS FILHOS DE DEUS.
UM ABRAÇO.

Prezado Pr Ricardo
A paz do Senhor Jesus
Estou tentando entrar em contato com o senhor.
Favor me telefonar ou fornecer um telefone que possamos nos falar.
Cordialmente
Pr Uziel de Jesus
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