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segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

O LOGOS

O Logos

Gordon Haddon Clarck

Pelo gracioso convite de vocês, estou aqui esta manhã para palestrar,
como sugerido a mim, sobre o primeiro versículo do Evangelho de João, onde
Cristo é chamado de o Logos. Eu publiquei um pequeno livro
sobre The
Johannine Logos [O Logos Joanino], e se algo nesta breve palestra vos interessar,
vocês acharão uma exposição mais completa nesse livro.
Estatísticas podem não ser o tipo mais interessante de introdução, mas
não enfada o cérebro nem prejudica o intelecto saber que o Evangelho de
João usa o termo Logos quarenta vezes. O que é mais surpreendente, na
verdade desconcertante, é que o termo grego logos pode ser traduzido por
quarenta palavras diferentes em inglês. O grande léxico de Liddell e Scott tem
mais de cinco colunas, cada uma com noventa linhas, com seus vários
significados. A palavra word [palavra] dificilmente é a tradução correta. Liddell
e Scott dizem explicitamente que logos “raramente significa uma única palavra”
(página 1058, coluna 2).
A razão das nossas Bíblias traduzirem logos como word [palavra] é que
Jerônimo, um monge do século V, traduziu-a incorretamente como verbum. A
Vulgata de Jerônimo, como é chamada, tornou-se a Bíblia oficial da Igreja
Católica Romana, e os textos que Jerônimo usou têm se tornado a base das
versões liberais contemporâneas. O termo latim Verbum tornou-se Word
[Palavra] em inglês, embora eu não saiba o motivo de não ter se tornado verb
[verbo], como acontece numa nova versão católica francesa, La Bible de
Jerusalem. De qualquer forma, Logos dificilmente significa uma única palavra.
Mas ela tem quarenta ou mais significados.
Eu não listei todos os significados, nem lerei minha lista abreviada.
Apenas veja-a daí dos seus bancos mesmo:
computação, cálculo, relatos, medidas, soma, total, estima,
consideração, valor, reputação, relação, forma, relação,
proporção, regra, pretexto, raciocínio, razão, caso (em direito),
teoria, argumento, princípio, lei, tese, hipótese, fórmula,
definição, debate, reflexão, narrativa, história, discurso, oração,
frase, mensagem, tradição, diálogo, oráculo, provérbio,
linguagem, sentença e a Sabedoria de Deus.
O interesse particular no Logos como usado no primeiro versículo de
João deriva-se de seu pano de fundo filosófico. Heráclito, um filósofo grego
de aproximadamente 500 a.C., usou o termo para designar a Suprema
Inteligência que governa o universo. Nem Platão nem Aristóteles tinham uma
doutrina do Logos, mas os estóicos, a mais vigorosa de todas as escolas de 300
a.C. a 200 a.C., adotaram a visão de Heráclito. Então Filo, um judeu
contemporâneo de Cristo, usou a doutrina estóica do Logos para interpretar o
Antigo Testamento. Alguns cristãos no terceiro século, e alguns outros no
século XIX, pensavam que Filo tinha antecipado a doutrina da Trindade. Isso
estava longe da intenção de Filo, embora ninguém possa negar que ele
influenciou a igreja primitiva nessa direção.
Em adição aos estóicos gregos e ao judeu Filo, há outra fonte que
parece ter influenciado João ainda mais diretamente. Numa data
desconhecida, possivelmente no começo do segundo século, um autor
desconhecido escreveu um tratado chamado Poimander. Esse se tornou o
primeiro de uma série de dezoito que foram reunidos e publicados, talvez no
quarto século, sob o nome Hermes Trismegistus. A obra completa era suposta
ser uma revelação do deus egípcio Tehuti ou Thoth. Os tratados não são
consistentes entre si, e um ou mais deles parece ser uma forma de
Cristianismo. Agora, Poimander, pelo qual Reizenstein tentou explicar a
doutrina da redenção de Paulo, traz uma semelhança impressionante, ou
melhor, uma não-semelhança impressionante, com o Prólogo do Evangelho
de João. Poimander diz que o Logos não era no princípio, o Logos não era Deus,
nem todas as coisas foram feitas por ele e, portanto, as trevas não puderam
compreendê-lo. O contraste é tão definido que dificilmente alguém pode se
refrear de concluir que João escreveu seu Prólogo com o expresso propósito
de refutar Poimander.
Isso pode parecer conflitar com uma data do segundo século para
Poimander. Contudo, duas considerações preservam a possibilidade. Primeiro,
os tratados foram escritos em diferentes épocas e reunidos mais tarde.
Segundo, mesmo que Poimander não tenha sido escrito antes de 125 a.C., sua
religião era mais antiga e poderia ter tido um efeito nocivo sobre a
evangelização do primeiro século.
Hoje não estamos muito interessados na religião de Poimander, mas
deveríamos estar interessados em Cristo como o Logos, a despeito do fato que
mesmo os membros de igrejas conservadores reagem negativamente a isso.
Um relato da Pessoa de Cristo dificilmente poderia começar mais
apropriadamente do que com João 1:1. Ecoando a Septuaginta, João usa
Gênesis 1:1, “no princípio”. Não somente a divindade é afirmada nessas
palavras, mas João repete a idéia no final do versículo: “O Logos era Deus”.
Os Testemunhas de Jeová tentam fugir da força desse versículo. Eles
traduzem-no, ou melhor, corrompem a tradução, como “o logos era um deus”.
Dessa forma eles adotam o politeísmo. E eles não conhecem as regras de
Grego sobre o uso do artigo, e afirmam equivocadamente que não existe
nenhum artigo indefinido no Grego. Mas continuemos. Se João começa com
a primeira palavra do Antigo Testamento, a segunda palavra do Antigo
Testamento aparece no terceiro versículo de João: O Logos criou todas as
coisas.
Sem dúvida João não é o único apóstolo que nos diz isso. Em Efésios
3:9 Paulo diz que “Deus criou todas as coisas por meio de Jesus Cristo”.
Então em Colossenses 1:16-17 Paulo diz que Cristo criou todas as coisas, e
mais explicitamente que Cristo “organizou o universo”. Deveria ler lembrado
que ta panta em grego, embora geralmente traduzido como “todas as coisas”, é
a descrição regular do universo. Cristo, o Logos, a Divindade Inteligente,
organizou o universo.
A doutrina da criação, afirmando que o universo não é um mecanismo
eterno, mas uma construção teleológica de Inteligência, precisa de grande
ênfase hoje, pois é amplamente negada nas escolas públicas. Equações
diferenciais sem propósito têm substituído uma mente onipotente e
onisciente. E essa teologia não afeta apenas a questão da física. Suas
implicações são ainda mais facilmente vistas em seus efeitos sobre a
moralidade, estendendo-se das pequenas às grandes cidades, cópias de
Sodoma e Gomorra. Contudo, antes de entrarmos nessas questões derivadas,
devemos continuar um pouco com a teologia básica. O motivo é que teologia
é algo básico.
Associado com lógica, inteligência e mente está o conceito de
sabedoria. Antes de se congratular em 1 Coríntios 2:16, onde Paulo diz que ele
tinha a mente de Cristo, ele declarou que “Cristo é o poder de Deus e a
sabedoria de Deus” (1 Coríntios 1:24). Judas 25 reconhece isso ao se referir a
Jesus como o “único Deus sábio, Salvador nosso”. Salmo 104:24 conecta
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sabedoria com criação ao afirmar: “Ó SENHOR, quão variadas são as tuas
obras! Todas as coisas fizeste com sabedoria”. O assunto é vasto. Uma
palestra como essa pode dar apenas umas poucas indicações dele. Por
exemplo, Efésios 3:10 fala da “multiforme sabedoria de Deus”. Essa
sabedoria é Cristo, pois Paulo tinha acabado de dizer (Efésios 1:8) que na obra
redentora de Cristo, Deus “abundou para conosco em toda a sabedoria e
prudência”.
Os gnósticos fizeram da sabedoria ou Sophia o éon mais inferior na
mente de Deus, e por seu pecado o mundo inferior veio à existência. O Novo
Testamento menciona sophia ou sabedoria cinqüenta e uma vezes, mas essa
não é a Sophia dos gnósticos. Tiago 1:5 nos admoesta que “se algum de vós
tem falta de sabedoria, peça-a a Deus… e ser-lhe-á dada”. Oramos
freqüentemente por saúde, e isso não é impróprio, mas com que freqüência
oramos por conhecimento e sabedoria?
Cristo é a sabedoria de Deus. Todavia, Cristo é algo mais, algo mais
básico e fundamental que a própria sabedoria. O Novo Testamento usa a
palavra verdade 110 vezes, das quais 25 ocorrem no Evangelho de João. Os
eruditos Existencialistas ou Neo-ortodoxos, tais como Barth e Brunner, e os
totalmente não-eruditos Pentecostais, unem-se no compartilhamento de
emoção e experiência extática. Mas em nenhum lugar Cristo diz, “Eu sou a
emoção”. Muitos bons cristãos, na verdade todos os bons cristãos, dizem que
Deus é amor; e ele realmente é. Mas se isso não fosse verdade, ele não seria
amor. A verdade é básica! Ouçam ao que o apóstolo disse.
João 1:14: “A Palavra [Logos] era… cheia de graça e de verdade”. Três
versículos abaixo, “a graça e a verdade vierem por Jesus Cristo”. O terceiro
capítulo de João, cujo 16º versículo é tão bem conhecido, nos versículos 20-21
ensina que a moralidade depende da verdade. Em sua profunda conversa
teológica com a mulher samaritana, que tinha tido cinco maridos e estava
vivendo com um homem que não era o seu marido, Cristo insistiu que uma
pessoa deve adorar a Deus em espírito e em verdade. Para alguns judeus
crentes Jesus prometeu “e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”
(8:32). Mais tarde no mesmo capítulo, negativamente, Jesus denuncia o diabo
porque não há verdade nele (8:44). Os dois próximos versículos continuam a
ênfase. Então há o bem-conhecido versículo: “Eu sou o caminho, e a verdade
e a vida” (14:6); e alguém pode comentar que se não é verdade que Cristo é o
caminho, não haveria nenhuma necessidade de falar dessa forma. O Espírito
Santo, algumas vezes chamado o Espírito de Cristo, é três vezes chamado o
Espírito de verdade (João 14:17, 15:26, e 16:13) em versículos que envolvem
diretamente a doutrina da Trindade. Cristo também diz que ele mesmo é
santificado por meio da verdade, assim como nós somos santificados por
meio da verdade (17:17, 19). Se qualquer cristão deseja crescer em santidade,
ele deve aprender mais a verdade. Os versículos citados são em sua maioria
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versículos de João que identificam Cristo como a Verdade. Qualquer um
interessado pode pesquisar o restante dos 110 versículos no Novo
Testamento e meditar sobre a verdade deles.
Ninguém deveria ficar surpreso que o Logos – a Lógica, a Razão, a
Sabedoria, a Mensagem, a Linguagem, a Reflexão de Deus – é a verdade. O
que é surpreendente e deprimente é o fato que as igrejas chamadas evangélicas
têm eliminado quase totalmente o intelectualismo do seu pensamento. Se não
se tornaram Pentecostais estáticos, falando algaravias carismáticas, e se não se
tornaram Existencialistas, que acham pouca ou nenhuma verdade na Bíblia,
eles repudiam a teologia em favor de uma mente confortavelmente branca.
Permita-me perguntar-lhe: Quando você ouviu um sermão sobre a Trindade
pela última vez? Lembro-me de uma vez em 1924 por Clarence Edward
Macartney, e outra realmente excelente por um sacerdote católico-grego em
1979. Mas mesmo referências à Trindade, para não dizer sermões completos,
têm sido poucas em número. Referências a Cristo são freqüentes, mas
geralmente sem sentido. Muitas vezes evangelistas têm enfatizado “um
relacionamento pessoal com Cristo”. Isso não faz nenhum sentido. Mesmo
Satanás tem um relacionamento pessoal com Cristo. Ele odeia a Cristo; e
odeia de uma forma muito pessoal. O que as pessoas precisam é de uma
declaração do relacionamento pessoal apropriado com Cristo, e que depende
de quem Cristo é. Alguém pode se simpatizar com pessoas humildes de baixo
QI, que não podem entender. Mas não podemos senão censurar pessoas de
alta inteligência que recusam entender.
Uns poucos parágrafos atrás fiz menção da moralidade. Deixe-me
perguntar: Por que tantas mulheres assassinam seus próprios bebês, ou pelo
menos pagam um assassino de aluguel para matar ou quase matar o filho e
jogar seu corpo triturado numa lata de lixo? Por que a megera cruel mata o
seu próprio filho? Poucas pessoas dão a resposta básica. Ela mata o seu filho
porque rejeita a doutrina da Trindade. Os Dez Mandamentos proíbem o
crime de assassinato. Mas porque alguém deveria prestar atenção aos Dez
Mandamentos? A resposta a esse por que é encontrada na introdução: “Eu sou
o Senhor teu Deus”. Se essa declaração não é verdade, então o aborto, o
abuso infantil, tortura, uso de drogas, roubo e tudo o mais são questões de
preferência pessoal apenas. A questão básica não é o que é certo ou errado,
embora essa questão tenha um status derivado. Mas a questão básica é: O que
é a verdade?
Por uns bons 1500 anos teólogos cristãos descreveram a natureza
humana como intelectual e volitiva. Jonathan Edwards, por exemplo, escreveu
“Deus dotou a alma com duas principais faculdades: a primeira, aquela pela
qual somos capazes de percepção e especulação, ou pela qual discernimos e
julgamos as coisas, é chamada de entendimento. A outra, aquela pela qual a
alma é de certa forma inclinada com respeito às coisas que vê e considera; a
faculdade pela qual a alma contempla as coisas… quer gostando, não
gostando… aprovando ou rejeitando. Essa faculdade é chamada… inclinação,
vontade… mente… freqüentemente chamada coração.”
Os Luteranos também, pelo menos aqueles que, como o Sínodo de
Missouri, têm preservado esta doutrina, prestam pouca ou nenhuma atenção
às emoções. Mesmo neste século decadente seu notável teólogo, Pieper, em
seu livro Christian Dogmatics (páginas 519), bem brevemente, mas duas vezes,
declara a posição Luterana que a imagem de Deus no homem consiste de
intelecto e vontade. Não há menção das emoções.
Essa ênfase sobre a vontade quase desapareceu totalmente do que
agora se passa como pregação cristã. O Freudianismo substituiu-a com as
emoções. A maioria dos esquentadores-de-banco não percebe que essa ênfase
é um desenvolvimento bem moderno. Se alguém voltar aos teólogos de
Westminster, a Calvino, ou mesmo Aquino, e especialmente a Agostinho,
descobrirá que a natureza humana é regularmente dividida em intelecto e
vontade. O ponto é importante porque a fé em Cristo não é uma emoção,
mas uma volição. Uma pessoa não sente por Cristo, mas decide-se por Cristo.
A Escritura diz e Jesus mesmo disse: “Se não vos arrependerdes, todos de
igual modo perecereis” (Lucas 13:3). Observe mui cuidadosamente que
arrependimento é uma mudança de mente. Sua raiz é a palavra noeo, “pensar”.
O substantivo nous é o intelecto. E fé, pela qual uma pessoa é justificada, é
uma crença, um assentimento voluntário a uma proposição entendida.
Pedindo o vosso perdão, e com uma pitada de modéstia, posso fazer a
observação que a The Trinity Foundation completou a publicação do meu
livro The Biblical Doctrine of Man.
Mas hoje, em contraste com o Cristianismo do passado, o
emocionalismo Freudiano substituiu o intelectualismo, e a volição parece ter
sido totalmente esquecida. Finney reduziu o evangelismo a uma lavagem
cerebral psicológica. Um grupo evangelístico contemporâneo, mas não
eclesiástico, se orgulha de poder converter quase qualquer pessoa em 20
minutos. Eles precisaram de 35 minutos na Inglaterra. Essa não era a atitude
de Jonathan Edwards, de Whitefield, de Calvino, de Lutero, nem de
Agostinho e Atanásio. Esses homens enfatizavam a verdade e urgiam que as
pessoas cressem na verdade. Fé não é emoção. Fé é entendimento intelectual
com assentimento volitivo.
Permita-me repetir e enfatizar que o Logos era cheio de graça e verdade.
Ele disse, conhecereis a verdade e a verdade vos libertará. Cristo foi
santificado, e se somos também, somos santificados pela verdade.
Ó Deus da verdade, cuja Palavra viva
sustenta tudo o que respira,
olha para a tua criação, Senhor,
escravizada pelo pecado e morte.
Que o teu padrão seja estabelecido, Senhor, a fim de que nós
que alegamos um nascimento celestial,
possamos marchar contigo para destruir as mentiras
que atormentam a Terra que geme.
Então Deus da verdade, por quem anelamos,
tu que ouves nossa oração,
faça a tua batalha em nossos corações
E dizime a falsidade ali.


Fonte: http://www.trinityfoundation.org

pelos vínculos do calvário

ricardo brunet

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